Pequeno. Réplica fiel de um sino de igreja.
Faz parte da família. Nas doenças, é colocado ao lado da cama do enfermo, fazendo com que o socorro seja mais efetivo, afetivo.
Já "trabalha" há duas gerações!
Presente recebido do sineiro da cidade do meu pai, Carmo (RJ), encantado com os meus dois anos e com o fato de fazermos aniversário no mesmo dia.
Segundo consta, era um homem arredio, que morava num porão onde queimava chifre de
boi... (com que objetivo, meu Deus?)
Não consigo evitar a associação do gentil amigo com o Corcunda de Notre-Dame...
Há momentos, porém, em que minha emoção voa livre e imagino este homem de poucas palavras, a tocar o
sino. Foco o momento em que sua aspereza se transmuta em sons celestiais. No prazer que a tarefa de informar as horas, as festas ou os falecimentos lhe
proporciona: a cidade a seus pés prostrada, súdita do rei anônimo. Neste instante, de rara singeleza, ele se torna belo, porque deificado através da música, instrumento do
Senhor. E é feliz!
Olho, então, para o meu sino, companheiro de uma vida, comparando a sua trajetória com a do outro, instrumento de trabalho do meu amigo. Destinos opostos: o meu, a se calar nas festas e a entoar lindos cânticos de solidariedade nas horas de aflição. Ambos, porém, com o mesmo objetivo: tornar a vida melhor, mais bela, através do Amor!
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