Alma Carioca

Navegando (II)

J.Carino

O confinamento assusta. A idéia de que se está preso num barco, em pleno oceano, afugenta muita gente. Se, além disso, surge a perspectiva de não se ter nada para fazer durante vários dias, a coisa fica pior.

Mas nesses passeios de transatlântico você só ficará confinado se desejar; só se quiser curtirá sua solidão, levando-a também sobre as ondas.

Você pode se deixar ficar na cabine isolado, ou conectar seu confortável espaço privativo ao mundo ligando a TV retransmitida por satélite. Ou pode optar por isolar-se com a vista luxuosa do mar, deixando-se simplesmente ficar nos tombadilhos. Pode ler a viagem inteira. Pode, enfim, transformar seus hábitos, manias e idiossincrasias em navegadores. Mas que não falta o que fazer, isso não falta.

O navio tem cinco bares, todos bem montados, com serviço de primeira. E em cada um, quase sempre simultaneamente, toca um conjunto. Os músicos, além de bons instrumentistas acompanhando bons cantores, têm toda aquela manha profissional no relacionamento com o público, tanto para atender as solicitações musicais quanto para aturar os clássicos bebuns.

Existe também um grande teatro, onde, diariamente, são apresentados os indefectíveis shows “para turistas”, numa pasteurização cultural ao som de sucessos, desde “New York, New York” a “I’ll survive”, ao sabor de uma discutível variedade musical e mesmo de opções sexuais...

Nesses shows, além de um bom conjunto, que reproduz bem os arranjos conhecidíssimos – de Ray Coniff a Santana, passando pelo rock e apelando para Michael Jackson, Madonna ou mesmo os Beatles – destaca-se um balé, que além de passos elegantes ou atléticos oferece o brinde de belas dançarinas de pernocas de fora. Não faltam também trechos daqueles musicais cujos ingressos foram ou são disputados pelos turistas em viagem aos EUA, indo desde “Hair” a “O Fantasma da Ópera”, transitando por “Catch” e “Evita”.

O primeiro show é uma recepção aos passageiros. Um desfile de bandeiras é o ponto alto dessa apresentação, com mais uma constatação da globalização da mão-de-obra que compõe a tripulação.

Outro show interessante é o que denominam “Coquetel do Comandante”. Aliás, esse é um verdadeiro evento, previsto até nas instruções que se recebe antes do embarque, recomendando que se leve roupas adequadas.

Nesse dia, o que se vê por todo o navio são ternos, gravatas, vestidos longos e cheios de brilho. Trata-se, claro, de uma imitação canhestra do que acontecia no tempo em que transatlânticos eram o supra-sumo da elegância. Se a coisa for vista com bom-humor, até que é interessante. Na entrada do teatro do navio, lá está o comandante, com seu uniforme de gala, tirando fotos com os passageiros que formam uma grande fila. E o coquetel é seguido de mais um show, onde a tripulação, a começar por todos os oficiais, é apresentada. As nacionalidades dos oficiais: um italiano, um russo, dois espanhóis, dois gregos, dois portugueses e um brasileiro.

Além dos bares e shows, têm-se as atividades de recreação. Diariamente, são realizados jogos de conhecimentos gerais, mímica, bingo, etc. Muitas dessas disputas são feitas em torno da piscina, situada lá no deck mais alto, onde se toma banho com água... do mar! Os vencedores saem exibindo seus troféus pelo navio.

Claro que são diárias as sessões de ginástica aeróbica. Afinal, centenas de passageiros desejam manter, fingidamente ou não, a boa forma, ao mesmo tempo em que se empanturram com as cinco refeições diárias. Isso mesmo, cinco: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e uma ceia, servida até altas horas.

Bem, para os que levam a coisa a sério, o navio tem uma academia bem montadíssima, com toda aquela parafernália de última geração para as malhações, e onde se pode andar na esteira olhando a imensidão do mar.

Outra atração inevitável é o cassino, sempre lotado. É impressionante como tem gente que adora seu azar, a ponto de levá-lo até quando viaja de férias!

Ah, nos corredores perto da entrada do cassino, máquinas caça-níqueis não são deixadas em paz. Parece que alguns fazem toda a viagem ali, sentados naqueles bancos altos e desconfortáveis, diante das máquinas, acalentando o sonho de ouvir aquele barulho de milhares de moedas caindo depois que o sortudo conseguiu a combinação que lhe dará direito a uma bolada.Navio Mistral

Claro que para a garotada também não faltam atrações. A galerinha fica o tempo todo em atividade, atazanando e sendo atazanada pelos recreadores.

Para a turma bem miúda, o navio tem um jardim-de-infância completo, onde a meninada brinca na piscina de bolinhas, faz desenhos, tudo acompanhado por professoras especializadas. Um paraíso, enfim, para os pais que querem uma folga para curtir as atrações do navio.

Os jovens têm um espaço próprio: a discoteca, situada no último deck superior. Todas as noites, até lá pelas três da manhã, rola aquele som infernal, um “bate-estaca” em meio à luz negra, onde a turma “fica” e a noite segue.

Mas não se assustem: um tratamento acústico da melhor qualidade impede que o som altíssimo perturbe o restante do navio, que segue, impávido, cortando as ondas.

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